...e depois, com bigodes de leite, pedem mais paciência e esforço ao povo, que a "vaca 'tá seca".

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O POVO SOMOS NÓS

Caiu o muro há 20 anos. Na verdade, foi uma CORTINA DE FERRO que cedeu, não num dia, mas durante o ano de 1989: em Fevereiro, o governo polaco aceita negociar com o sindicato Solidariedade de Lech Walesa; em Maio, a Hungria abre a fronteira com a RFA, permitindo o êxodo dos alemães de leste, os ossies; em Junho, o Solidarnosc ganha as eleições na Polónia; em Outubro, o homem que acreditava num socialismo com democracia (Gorbatchov, sem o qual o muro não cairia) visita a RDA e diz a Honecker que as tropas soviéticas não o apoiam em nova repressão, como fizeram na Hungria (1956) e Checoslováquia (1968); em Novembro, cai o regime de Praga, crescem as manifs na RDA; um porta-voz do governo de Berlim diz que as fronteiras leste-oeste serão abertas, e por gaffe diz que tal entra em vigor imediatamente (viram as caras desconcertadas dos guardas fronteiriços, ao deixarem passar o povo?); em Dezembro, na única revolução violenta, é a vez da Roménia.

É óptimo que a rapaziada mai’ nova, atraída pelo colectivismo dos meios de produção, veja os bons comentários que têm passado na TV e saiba como foi*, pois não caíram só ditaduras, mas todo um sistema económico. Saberão que gémeos são a melhor amostra para estatística, pois eliminam-se muitos viezes: a comparação entre as duas alemanhas até 89 (cujas diferenças tardarão a desaparecer) uma viçosa, outra anémica, é prova do efeito do domínio do Estado na economia.
O POVO SOMOS NÓS foi o slogan de Leipzig, e diz tudo sobre o falhanço dos totalitarismos de esquerda, quando uma vanguarda pretende representar o povo mas não o deixa escolher, ou sequer falar - governo do povo, pelo povo, contra o povo.
O que mais me impressiona é como proliferavam os informadores das secretas, como os mais de 100.000 bufos da Stasi alemã, por uma miríade de motivos: cobardia, chantagem, inveja, dinheiro, carreira, … podia ser o vizinho insuspeito, o colega, o cunhado, o irmão.

O caso mais esquizofrénico é o da ROMÉNIA, onde Nicolae e Elena Ceauşescu atingiam o delírio, com ordens para a espionagem dos próprios filhos e para a destruição do cocó do secretário-geral (para espiões não descobrirem as suas doenças), a limpeza de mãos com toalhetes após cumprimentar dirigentes africanos, o envenenamento, tortura e internamento em hospícios dos pseudo-inimigos de Estado, a construção do 2º edifício maior do mundo, a seguir ao pentágono (1100 salas, sobre os escombros de 28 igrejas e 30.000 casas). Isto num país onde as patas de porco eram as “patriotas”, porque toda a restante carne era exportada, para minorar as necessidades de caixa.
Eu, contra a pena de morte, assisti contente ao julgamento sumário e fuzilamento subsequente deste casal. A ser alguma coisa, foi tarde.

* Uma deputada nova do PCP respondeu, em entrevista, nunca ter ouvido falar em GULAG... sinto-me bem representado, e vocês?

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